sábado, 21 de março de 2015

(Des)encontro

Nos conhecemos numa festa onde ninguém acha que vá encontrar um grande amor. Não sei. A química foi tanta, o beijo foi tão intenso que dormimos juntos e acordamos fazendo juras de amor. E nesse vai e vem entre os lençóis, descobri cada pedacinho teu. Percorri cada centímetro teu, descobrindo seu lado doce, sensual, de menina e de mulher. Sua vergonha me instigava a te provar e a te descobrir mais e mais. Teu perfume doce exalava no travesseiro, na cama, em mim. Teu cheiro me seduzia demais, o que me deixava mais louco pra te beijar. Seu sorriso me encantava, me despertava, me fazia sonhar. E em seu peito encontrava um porto seguro que me envolvia com a sua pele macia. Seus lábios tão rosados e tão perfeitamente moldados em teu rosto combinavam sutilmente com teus olhos amendoados que me olhavam tímida, singela, como se um anjo. Mas teu corpo estava em brasa, ardendo pelo meu toque, pelo meu carinho, pelo meu amor. E nessa descoberta acabei descobrindo um pouquinho mais de mim, do sentimento que podia guardar no peito por alguém que conhecera apenas algumas horas atras. A vontade de ficar ao teu lado era gigantesca. Passaria horas, dias ali, te admirando, te acariciando, te amando por qualquer tempo que fosse...mas o dia logo logo nasceria e a despedida seria inevitável, o adeus seria eminente.

sexta-feira, 6 de março de 2015

All you need is a little faith, trust, and pixie dust.

Trabalhei na maior empresa de entretenimento do mundo durante quase 3 meses. Fui Quick Service Food and Beverage no famoso e turístico All- Star Movies. O trabalho de Quick consistia basicamente em atender os guests nos mini-shops do Food-Court do resort. O World Food Premiere, como era chamado a área dos restaurantes do Movies, era composto de 5 shops: Majestic (especializado em massas e pizza), Lyric (que servia pratos quentes, como frango, steak e saladas), Roxy (que servia cachorros-quentes e hambúrgueres), Rialto (onde tinha sorvetes, brownies, enfim sobremesas no geral) e Grand-Market (um mini mercado que vendia desde leite e pães até remédios e cerveja). Os cast members podiam rodar esses shops, ficar na dining room (limpando as mesas) ou ainda ficar no trash (recolhendo lixo dos restaurantes). Eu fui treinada pela manhã, basicamente de madrugada (começando às 4-5 horas), mas acabei trabalhando a noite, fechando os restaurantes. Meu horários começavam mais ou menos entre 16hs e 18hs e terminavam 01hs.
 O trabalho era bem pesado...exaustivo, diria. Passávamos facilmente, 9hs, 10hs em pé. O All-Star me exigia muito, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Precisávamos sorrir o tempo todo e sempre parecer animados e felizes. A Disney tem um alto padrão de qualidade de serviço, tendo como lema "We create happiness". Então, os cast members precisavam sempre superar as expectativas dos guests, fornecendo o melhor serviço que eles pudessem oferecer. A Disney, quando treina seus cast members, enfatiza muito as 4 palavras-chaves (4 keys) para garantir um serviço de excelência para todos os seus visitantes. São elas: safety (segurança, que é a mais importante de todas), efficiency (eficiência), courtesy (cortesia, cordialidade) e show (fazer do seu trabalho parte de um show, parte da magia, do espetáculo). Assim, precisávamos cumprir com todas essas palavras chaves para realizar um serviço de excelência.
Eu diria que o ICP, como é chamado o college program para estrangeiros,  não é para qualquer pessoa. Na verdade, você precisa estar preparado para tudo, porque você vai ser praticamente um escravo lá. A Disney paga o salário mínimo permitido por lei, não nos dando auxílio transporte nem auxílio refeição. Precisamos pagar o nosso housing (apartamento) que, na minha opinião, é caríssimo. Eu morava no Vista Way, com mais 3 meninas (melhores roomies da minha vida: Yasmin e Raíssa) e pagava 98 dólares semanais que incluía ainda o ônibus que nos levava para todos os lugares do complexo Disney. Qualquer local fora do complexo, o Transtar, nome da linha exclusiva do bus, não operava. Também precisávamos pagar para lavar nossas roupas. Tinha uma lavanderia embaixo de cada prédio do Vista. Era U$$ 1,50 para lavar e mais U$$ 1,50 para passar. Apesar de caro, eu AMEI morar no Vista. Apesar de ser o mais afastado dos outros condomínios, o Vista era próximo de vários restaurantes e supermercados, como o Wallgreens, Seven Eleven (melhor pizza giga de 5 dólares da minha vida), Cici's (um all you can eat de pizza, massas e saladas por 4 dólares. Sim, QUATRO dólares haha), o Applebee's e o Dollar Tree (um supermercado onde tudo lá custa 1 dolar). Era no Vista também que rolavam a maioria das festas. Eu sempre gostei muito de festas, então aproveitei bastante as after e house parties de lá.
Apesar da minha relação de amor e ódio com a minha work location, eu sinto muita falta dos momentos que passei lá e dos melhores coworkers que eu poderia ter. O mais mágico desse programa são as pessoas que você conhece. Fiz amigos que com certeza levarei para a vida inteira. O ICP é um programa intenso demais, então você acaba se apegando muito a todos. Você embarca numa realidade nova, com uma rotina diferente. E aí, quando você começa a se acostumar, já é hora de dizer adeus. Uma das melhores coisas que o ICP proporciona é a sensação de que cada dia você pode ter uma surpresa diferente. Apesar de termos uma rotina, a cada dia atendíamos pessoas diferentes, muitas vezes em posições distintas de trabalho. E é sempre uma surpresa. As vezes até o guest poderia começar uma conversa ou ainda poderíamos proporcionar diversos magical moments. E quando atendia brasileiros que me diziam: "ah, que bom que você fala português!" eu me sentia acolhida, feliz por estar ali ajudando.
Como eu havia dito antes: trabalhar na Disney não é nada fácil. É um trabalho super explorador, que te exige muito e que provavelmente você não se submeteria aqui no Brasil, mas a vivência que esse programa te proporciona é gigantesca. Já chorei, pedindo colo e querendo voltar para casa, mas segui firme e não me arrependo nenhum pouco das noites mal dormidas, das dores e formigamento nas pernas, de ficar em pé sorrindo o tempo todo quando se está exausta....enfim, acredito que CADA segundo ali valeu muito a pena. Apesar de tudo isso, a Disney também envolve seus cast members na magia. Voltei a ser aquela garotinha de 11 anos (idade em que fui pela primeira vez nos parques) quando vi o Mickey pela primeira vez quando cheguei em Orlando, ou quando vi meu último wishes com todos os meus amigos. A Disney também me ensinou que o sorriso é uma arma poderosa e e que ele pode mudar totalmente o dia de alguém. Aprendi a morar sozinha, a praticamente me sustentar em um país diferente e a lidar com uma pressão gigante em um ambiente de trabalho. A Disney tanto me fez voltar a ser menina, como também me engrandeceu como mulher e sou eternamente grata a tudo o que eu vivi nesses quase 3 meses, especialmente ao mais querido, fofinho e amado boss que já tive, afinal, nada seria da Disney sem ele!

"I hope that we don't lose sight of one thing - that it was all started by a mouse"
Walt Disney