sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Carta IV

Amanda,
Sei o que deve estar pensando de mim: louco, insano. Tudo bem, depois do que eu fiz, é bem aceitável. E você deve estar morrendo de raiva por tudo isso: por eu ter largado o meu emprego, saído assim, sem avisar a mamãe, aos quatro ventos, somente com uma mochila nas costas mas acredite, eu precisava disso para mim. Meu relacionamento com a Daniela era insuportável, não aguentávamos mais viver sob o mesmo teto; meu emprego me consumia a cada dia, me deixando cada vez mais estressado e cansado. Ou seja minha vida se resumia a respirar. Eu literalmente não vivia. Eu não tinha motivações, impulsos, vontade, absolutamente nada dentro de mim. Você bem sabe, meu sonho sempre foi rodar o mundo, como um aventureiro. Conhecer todos os lugares, culturas, tradições e línguas. Ah, Mandy, talvez você não me entenda agora, mas eu precisava fugir de todos e de tudo que me prendia aí no Brasil. Queria me jogar, me entregar para a vida, coisa que eu não sentia e nem fazia há anos. Me arriscar, mudar, ter um tempo só para mim. Quero sentir novamente o prazer de viver. Nada de planos, compromissos, deveres, por enquanto. Quero o inesperado, a surpresa, a liberdade.
Mande um beijo pra mãe e diga-lhe que a amo muito.
Do aventureiro do mundo,
Marcelo

Nenhum comentário:

Postar um comentário